Detalhes
O passado é sempre visto com lentes de bondade e ao longe não se consegue ver os defeitos, por isso a aldeia da infância, sem alcatrão e com fome, aparece-nos pintada de cores bonitas e cheia de saudade. Falta-me a infância no meu Canto, linda expressão, e a leveza dos despiques entre o «Casal» e o «Cabecinho». Falta-me a candeia de azeite e o fogão Hipólito a petróleo. Falta-me o ritual pagão da matança do porco, algo entre a rotina da sobrevivência e o instinto predador que transportamos. Tudo somado, não quero nada de volta, não se enganem, mas falta-me, e gosto quando alguém comigo também se recorda.
Cascão da Silva