Detalhes
“(…) Ah, se tu pudesses ler estas palavras, se as pudesses tocar, sentir, aconchegar nas pupilas dos teus olhos, saber-me-ia cumprido!… Mas para nós já nem isso! Nada há! Somos dois tristes impossíveis, eleitos p’lo destino, marcados p’la poesia. Dois mártires dos versos. E quem poderá compadecer-se do nosso holocausto? Quem?! … Alguém?! … Ninguém!!!! (…)
(…) Agora, são inúteis os desejos, as vontades e as amarguras que deponho nestas linhas. É tarde! Tão tarde... mas nunca é tarde, diz o povo. É mentira! Para nós são inúteis as palavras. É inútil todo o arrependimento que sinto. É inútil este amor que trago em mim e não soube expressar no tempo certo! Na hora exacta! São tristes as palavras, as palavras que nunca te direi, porque nunca as poderás nem quererás escutar, nem lidas nem faladas... (…)”
Richard Mary Bay
In Cartas d’Evora (Excertos)